exposição, geralmente, ocorre um debate com a platéia. Dúvidas e sugestões são colocadas diante da informação. O mesmo acontece quando certas notícias são apenas retransmitidas pela equipe de jornalismo. Os ouvintes até têm uma noção do que está sendo passado, mas algumas lacunas permanecem após a emissão. Enquanto os locutores transmitem as notas, nada melhor do que convidar alguns colaboradores para integrarem a mesa. Se as matérias já tiverem sido produzidas, uma alternativa é introduzi-las aos convidados que podem preparar os comentários e artigos. São os representantes dos ouvintes que dividem o a responsabilidade da notícia com os jornalistas.
As pessoas gostam de contar histórias sobre o que passaram, ouviram ou estão vivenciando. São relatos do cotidiano contados pelos narradores, exemplificados, inclusive em certas ocasiões, com testemunhos dos envolvidos no fato. Quando a equipe de jornalismo da emissora está ausente, cabe ao cidadão conduzir a reportagem. Ele constrói a matéria com as próprias impressões, completadas com os depoimentos de quem está ali, ao lado, vivendo aquele momento. O mais fácil é transmitir a matéria “ao vivo”, entrando várias vezes na programação, com detalhes diferenciados sobre o acontecimento. Outro meio é gravar o material para ser exibido posteriormente, mas a captação e a edição do áudio podem prejudicar a matéria. Além do mais, o improviso e o imediatismo marcam a atualidade da reportagem.
Também é possível exibir depoimentos de pessoas sobre eventos culturais (cinema, teatro, circo, literatura, televisão, entre outros). A resenha radiofônica auxilia na compreensão daquilo que está sendo apresentado. O público possui uma referência ao chegar ao local ou quando assiste, lê ou ouve certo produto cultural, sentindo-se integrante do processo. O interesse é de contar o que sabem ou que aconteceu. Ao falar sobre um filme, uma peça ou livro, coloque detalhes e exemplifique. O gosto depende de cada um. Também é possível recitar uma poesia ou ler um conto. Formas simples de reprodução do conhecimento.
Ao situar o pessoal sobre as possibilidades radiojornalísticas, a equipe repassa os conceitos que são aprendidos nas emissoras e nas faculdades. Trabalha-se a formação do jornalista eventual, compromissado e conhecedor de suas funções. É importante observar que para quem transmite alguma informação, naquele momento, incorpora-se o papel de repórter. Não é mais o Seu João ou a Dona Maria que vai falar, mas o repórter João e a repórter Maria.
Após os ensinamentos, a palavra é da comunidade. Invertem-se as posições. Hora de ouvir sobre a pauta e até de conseguir determinadas fontes que estão dispostas a colaborar. Momento de acertar os detalhes daquilo que será transmitido.
O Radiojornal
A primeira decisão a ser tomada pela equipe de jornalismo é definir o horário de transmissão do radiojornal. A questão também é discutida no Ouvidor, mas é importante sugerir alguns horários que se adaptem ao processo de seleção e produção do programa. Seguir o padrão tradicional, com emissões no horário do café da manhã (entre seis e oito horas), durante o almoço (meio-dia) ou próximo do jantar (das dezoito às dezenove horas), é uma opção, mas esse modelo depende de uma estrutura que envolve pessoal e despesas. A emissão de vários radiojornais também pode prejudicar a posição do Falador. As informações ficam concentradas em horários, descaracterizando a necessidade de entradas durante o dia. Uma sugestão é transmitir o radiojornal apenas no final da tarde, quando as pessoas saem do trabalho ou da escola, passam por estabelecimentos comerciais ou estão chegando em casa. A equipe de jornalismo seleciona, com tranqüilidade e tempo, as principais matérias que foram emitidas durante a programação. Além disso, é possível acrescentar notícias que chegam de última hora ou mesmo as que ainda não foram transmitidas.
A duração do radiojornal também é discutida no Ouvidor. O padrão tradicional também é colocado, com programas de quinze minutos, meia-hora ou uma hora. A referência é importante para situar a equipe e os ouvintes, mas o tempo pode se estender conforme a necessidade e a quantidade de matérias que a equipe precisa transmitir. Torna-se desnecessário seguir o padrão. Numa rádio comunitária, a flexibilidade de tempo funciona independente do relógio.
O trabalho da equipe de jornalismo da rádio comunitária é constante. Durante o dia, a preocupação é com o acesso da população local ao Falador, além das produções internas, o que requer um equilíbrio editorial, justamente para evitar excessos, equilibrar o conteúdo e manter a credibilidade. A prioridade é com os assuntos que atingem o local. O jornalismo está aberto para quem deseja falar o que é de interesse do grupo. Se a definição da linha editorial prioriza a comunidade, então é essencial condicionar o trabalho da equipe conforme essa posição. Definir as necessidades do grupo, sem se apoiar apenas no jornalismo de serviços. A luta por uma melhor condição de vida é que vai determinar o conteúdo jornalístico da rádio.
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