As estruturas são consolidadas pelas equipes, com o conjunto fomentado em duas instâncias sólidas: a produção de matérias externas e a possibilidade de interação. Logo se trabalha com conceitos que vão além dos procedimentos utilizados na fase anterior, àquela em que os alunos adaptam as matérias dos jornais impressos e da Internet. Agora, o professor de radiojornalismo possibilita a compreensão de que o relato (do presente) é constituído pela (presença) do jornalista. A reportagem retoma a posição de destaque no universo do programa. Declara-se o fim do estático para a condução de programas em movimento.
Os alunos trabalham o contato com o (des)conhecido, com a conduta baseada no sentimento (de repórter). O rádio constituído pela capacidade de interação pela (con)vivência, sem os esconderijos da matéria que nunca viu, a não ser pela folha de papel ou pelo visor de um monitor ou de uma televisão. Magia de quem consegue projetar-se na consciência alheia, pela reconstituição daquilo que está ao seu lado, em constante circulação. Histórias de repórter de rádio.
Se o repórter está lá, logo (h)ouve (dizer) alguma coisa. São ilustradas as cores daquilo que ficou sabendo. Conversas que aproximam o radiojornalismo (do) público. O poder compartilhado pela memória, pela interpretação no anseio de contar sobre o sujeito e o objeto.
Rádio Universitária
No bate-papo entre os educadores Paulo Freire e Sérgio Guimarães surge a descrição de um possível formato radiojornalístico, baseado na tecnologia e na interatividade, em que colaborar e participar são formas mascaradas de poder, sendo a conduta determinada pelo acesso aos meios de comunicação de massa, com o rádio como espaço democrático de convivência, mobilização e debate.
Paulo – Eu mesmo já dei entrevista sobre o nosso livro num desses programas em que o radialista transmite o programa da nossa própria casa. Um outro entra no ar, dá um palpite, faz perguntas etc. São programas em que o ouvinte conversa com o ouvinte, mediado pela estação de rádio.
Sérgio – Ou seja: as possibilidades técnicas existem, quando se quer dialogar. Aliás, aquele programa de unidirecionalidade dos meios, em que tocamos no diálogo anterior, ao meu ver, é até um falso problema.” (Freire & Guimarães, 2003: 42)
Pela experiência libertária dos estudantes, surge o formato independente das rádios universitárias. (COSTA, 1987: 27-38). A emissão democratizada, sem vínculos com o padrão institucionalizado. Um modelo que conduza ao equilíbrio entre os atores do acontecer. A notícia mediada pelo jornalista, que alimenta o processo pela quebra do poder centralizado no comunicador.
O conteúdo fundamentado pelo cotidiano, pelo conjunto de situações corriqueiras vivenciadas pelos alunos. Um programa dos e para os universitários, voltada à comunidade acadêmica, como falantes e ouvintes.
A consolidação da rádio universitária, e não da universidade, ocorre quando existe um planejamento voltado para o ensino do jornalismo, assim como para as demais habilitações como publicidade e propaganda, radialismo, audiovisual, entre outras correlatas, ou ainda para divulgação de atividades relacionadas à academia, como ciência e saúde pública. A concretização da escola radiofônica, desvinculadas das necessidades institucionais e/ou comerciais de seus mantenedores, que vão desde a criação ou manutenção de um canal agregado ao sistema público até a vinculação ao nome do grupo no setor privado.
O planejamento pedagógico dos cursos de rádio condicionado à abertura das emissoras, que fomentam e viabilizam o plano de ensino, ou seja, práticas que vão desde a possibilidade de estágio até a simples transmissão de programas elaborados em sala de aula, desde que o aluno participe das diversas fases do aprendizado, como captação, produção e transmissão. Um projeto em movimento que valorize o estilo do aluno pelo contato direto com a dinâmica do jornalismo de rádio.
Irradiar conhecimento
A supervisão do professor é o atributo básico para a validade do processo. No caso do radiojornalismo, bem como de outros cursos, é essencial acompanhar o processo, para evitar certos abusos ou erros, como a utilização ou exploração do discente como mão-de-obra barata, a ineficácia do exercício profissionalizante na emissora como a reprodução exagerada de matérias prontas via Internet, entrevistas pelo telefone e, até mesmo, a ausência de qualidade no conteúdo a ser transmitido em um programa produzido pelos alunos. Alguns momentos fogem ao controle do professor, mas, quando atento, a prática não é uma constante. Quando
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